Text for Audio (Rosalina Malungana)
Interview #3 (005)
3 June 1995

R O povo Malungana, comecou, veio la de Spelonken, de Xipilongo. Que é, em landim, dizem, Xipilongo.
H Xipilongo.
R Mas lá, o nome de lá, ja é Spelonken.
H Mmm. Xipilongo.
R  Mmm.
H Mmm.
R  E, avô do meu pai, como, o avô do meu pai—o nome dele é Nkavakava.
H Nkavakava.
R  Eee. Até esse nome, tinham dado ao meu irmão, ele era também Nkavakava.
H Antes de Bernardo—
R  Mm, Bernardo, sim.
H Era Nkavakava—
R E quando ele nasceu, disseram que é Nkavakava.
H Ah, wow.
R Eeh.
H Depois do avô do seu pai.
R Eh, avô do meu pai.
H Huh.
R E tinha um irmão, que veio com ele aqui nestas terras, por causa da guerra. Aventuraram, vieram para aqui, eles. No tempo do Ngungunyana, com a guerra!
H A guerra do Ngungunyana.
R Não sei si eram soldados de Ngungunyana, não sei!
H Ah.
R Mmm. Mas, o que eu sei, é que era os dois irmãos. Era esse Nkavakava Malungana, e Mangeke.
H Mangeke.
R Eeh. E depois quando acabou a guerra, esse tal Nkavakava estacionou aqui, no Guijá.
H Guijám, ah!
R Eeh. Guijá aqui. Caniçado. E esse tal Mangeke, estacionou, eh, N'walungwini, é esse Xitivana, outro, outro, outro pais ali.
H Mmm.
R Mas, pertencia a Guijá.
H Ah.
R O que que, não, não ficaram junto. Cada qual ficou com a mulher dele lá.
H Huh.
R Por exemplo, outro ficou aqui [R draws in sand], e outro ficou lá, como, como que [pondering distance between them]—como, N'walunguini [.?.] Caniçado, é uma distância um poucado. Pode ser daqui, até onde—até lá, na Palmeira.
H Huh.
R Mmm. E ele também ficou la, gostou da raparigas la, casou, e ficou la, com a mulher.
H Mangeke?
R Tal Mangeke.
H Mangeke, ah.
R Eeh. Mas, é mesma, porque vinham pagar—é mesmo, Guijá. O que é que Guijá é grande, não é?
H É.
R Eeh. Tinha lá o nome dele, lá, daquele sítio. Era, assim, Xi-ti-vana.
H Xitivana.
R Eeh.
H Então Mangeke ficou—
R Ficou no Xitivana.
H Xitivana.
R Mmm. E esse tal Nkavakava ficou no Guijá.
H Ah.
R Eeh.
H Em Caniçado.
R Eeh, no Caniçado. E quando ele casou lá, arranjou uma mulher, e ficou. E os dois ja não voltaram mais lá, lá em Spelonken.
H Huh.
R Gostaram nestas terras, para estar aqui, com mulheres deles. Os que, os outros voltaram, mesmo, quando acabar a guerra de Ngungunyana, voltaram nos sítios. Porque quando vieram aqui, vieram com guerra, avançar, até Beira, até onde! Como Ngungunyana queria isso. Dizem. Porque eu nao vi!
H Eh!
R Estou a ouvir quando eles falam.
H Eee.
R Mmm. E depois, ficaram aqui, na, aqui nasceu, nasceu o pai do meu pai.
H Mmm.
R Eh.
H Como se chama?
R O meu pai?
H O pai do seu pai.
R Eh, o pai do, é Mahambaedwa.
H Wow!
R Ma-ha-mba-ed-wa.
H Mahambaedwa.
R Mahambaedwa.
H Ah, okay.
R Mahambaedwa. Malungana. O pai é Nkavakava. O pai de Mahambaedwa é Nkavakava.
H Ah.
R Eeh.
H Sabe o nome do pai do Nkavakava?
R O pai do Nkavakava?
H Sim.
R Ah!! Aningemutivi! [laughter] Nada! Aningemutivi. Ficou lá no Spelonken por quando [.?.] veio aqui, foi o meu [.?.] Nkavakava, e o irmão dele, Mangeke. Eeh. A família toda ficaram la, em Spelonken. Até, aquele que foi la, a Xipilongo, a Spelonken, foi o irmão do meu pai, esse tal missionário.
H Dane.
R Eh, Dane, eh.
H Dane foi para lá?
R Foi!! Para lá, que é para ele conhecer, a família.
H Ah!
R Essa família de Malungana.
H Então voce tem família lá?
R Lá em Spelonken?
H Mm.
R É verdade.
H Huh.
R O que é que nós não sabemos, é, só foi ele, para ir conhecer a família lá.
H Ah.
R Até dizem que quando ele chegou lá, mataram, mataram uma vaca para fazer festa.
H Ah!
R E, disseram que, si voltar, vai levar a família toda, vir para aqui.
H Huh.
R Mas, ele, ja não fez, estava acostumada, até ficou aqui até morreu aqui.
H Dane.
R Mmm. Ficou, morreu aqui.
H Ah!
R Mmm .... ...
H Mas quando, voce estava a dizer que ele, Dane, foi para Xipilongo ...
R Dizem, quando ele chegou lá, porque podia ser outros Malunganas, não é, lá. Porque ha muitos apelidos iguais, os nomes.
H Ah.
R Mmm. Mas começam, quando começam a falar, ter, tem palavras diferentes, aqui dentro do, desse apelido. E ele quando chegou lá, perguntou assim. "Eu ando a procura, eh, da família Malungana. Mas ao começo desse apelido, é Mbe-tsa."
H Mbetsa.
R Eeh, Mbetsa.
H Não entendo—depois do Malungana, este povo—
R Eh—
H teve outro nome?
R Eh, quer dizer, outro nome, é Mbetsa.
H Mbetsa.
R Eeh.
H Como escrever? ...
R Mbetsa, Malungana.
H Mas, quem foi Mbetsa?
R Mbe-tsa.
H Um irmão—?
R É o apelido também, não é. É o apelido. Mbetsa.
H Apelido.
R Mmm. Que era para encontrar esses Malunganas, ele. Disse, ao começo do, do meu apelido, sou de Mbetsa, Malungana. Porque, é capaz haver Malungana outro, Malungana, enquanto não é de Mbetsa. ...
H Mas quando Dane foi para Xipilongo, perguntou—
R Eeh, começou esse a perguntar, esse, esse Malungana, outro apelido é Mbetsa. Começa por Mbetsa Malungana. E depois [.?.] ah, ele quer, ele quer fulanos de tal, onde que estão ali. E levaram para la!
H Ah.
R Mmm. Levaram para aquela, aquela família Mbetsa Malungana.
H Huh.
R Eeh.
H Wow.
R  Depois, quando ele chegou lá, eh, a gente estamos a trazer este homem, porque anda, vem lá do Guijá, anda a procura Mbetsa Malungana, porque é onde que nasceu a, o avô dele, que é o pai do pai dele.
H Ah.
R Ele disse que choraram muito!
H Ah!
R Quando ele disse isso, que ah, aqui aventurou, chamado Nkavakava. E depois, esse Nkavakava lá tem um filho, chamado Mahambaedwa. Enquanto ha outros Mahambaedwa lá!!
H Ha outros?
R Mmm. Deram lá os nomes de Mahambaedwa.
H Ah.
R Ele também, quando esse Nkavakava, quando casou aqui, começou esse a dar os filhos os nomes de lá, em casa dele, de onde ele vem.
H Ah!
R Mmm.
H Para lembrar?
R Para lembrar, sim.
H Mm.
R Para não esquecer os nomes da família dele lá.
H Ah, wow.
R Eeh. Disse, deu esse nome de Mahambaedwa.
H Huh.
R Mmm. E depois, ah, disse, muitos choraram, disseram "Sim, conheço esse, aventurou no tempo da guerra de Ngungunyana, e não voltou ca mais."
H Mmm.
R Mmm.
H Wow.
R Porque aqui, tal Mahambaedwa começou a se mostrar os nomes que estão aqui também.
H Huh.
R Eeh. E eles choraram, mesmo.
H Ah.
R Eeh. Porque diziam o que, [repeating words of kinfolk in Spelonken] "Quando aventuraram os dois, esse Nkavakava, [ ...] e Mangeke, não voltaram mais aqui."
H Ah.
R "Mas ouvimos dizer que eles, que estão na terra de Caniçado, Guija, é lá onde que eles estão."
H Ah.
R Mmm. Depois, quando ele morreu, ficou tal esse Mahambaedwa, o filho, que é o pai do nosso pai.
H Sim.
R E ele também morreu.
H Mm.
R Mmm. Até, si eu ir lá, na, bem, quando eu era nova, eu, havia de ir lá mesmo, no Xipilongo.
H Voce foi la?
R Não!
H Não. Mas queria—
R Eee, estou a dizer que, si eu ainda era nova, hei de procurar mesmo, saber onde que é esses Malungana.
H Ah.
R Mmm. Que era para eles me conhecer que sou família deles lá, por Nkavakava.
H Ah.
R Porque eu também havia de dizer assim, ah, eu também, sou bis-neto, porque esse tal Nkavakava é o pai do meu pai [sic].
H Eee.
R Eeh. Eeh.
H Huh. Nkavakava casou-se com uma mulher daqui?
R Mm, casou com uma mulher daqui. Arranjou uma rapariga aqui.
H Ah.
R Eeh. Casou com ela. Enquanto nasceu o meu avô, o pai do meu pai.
H Sabe o nome da mulher, de Nkavakava?
R Mm! [thinks for a moment] Nada.
H Mm.
R  [whispering, trying to jog memory] Mm, nada. [still whispering names to herself] Mahambaedwa. [ ...] Ah, já me lembro. Esta a vir, o nome. A mulher de Nkavakava, é Nse-nga-nyana.
H Nsenganyana.
R Nsenganyana. Que dizia dela, que era a mãe de Mahambaedwa.
H Ah.
R Eeh. Não sei si tinha mais, mas, havia essa tal Nsenganyane.
H Mm.
R Que era a mãe de Mahambaedwa.
H Ah.
R Mahambaedwa é o filho de Nkavakava.
H Sim.
R Eeh.
H É possivel que Nkavakava teve outras mulheres, ou não sabe?
R Ah, não, não, não, ah! Não sei.
H Ah. Ha muito tempo! [laughter]
R Ah!! Muitos dias a gente nascer.
H Ah.
R também, a gente, sabe qualquer coisa é quando, perguntar.
H Mm.
R A gente sentada com as mães, lá, lá na conversa, conversar. E eu também, eu também sempre, que eu era curiosa, sabes! [laughter]
H Mmm, quando era a criança.[laughter]
R Eee! [..?..] swinene.
H Então, estas coisas sobre a família Malungana, como aprendeu? Quem disse, quem contou estas coisas?
R  É a minha mãe.
H A sua mãe?
R  Eeh!!
H Sobre a família Malungana também?
R  Eeh!! Malungana, eeh! A minha mãe contava-me tudo, e eu, também eu queria isso por eu também conhece a família dela.
H Ah, wow!
R Eu era chato, mesmo! Estou a pé dela, chateava mama, era bom, foi bom para mim porque, já conheço alguns.
H Mmm.
R Mmm. Até conheço que esse tal Nkavakava, e esse, eu ouvi, tres delas. O que que asmães, não sei. Mas as filhas, de tal esse Nkavakava, as filhas, eu sei que, era, Madinge, era N'wakuvuvu, era Monasse.
H São—
R São filhos, são filhas.
H Filhas de Nkavakava.
R Sim, de Nkavakava. Que são irmãs de Mahambaedwa.
H Ah.
R Eeh.
H Tres irmãs.
R Eeh.
H E onde estão, agora?
R Ah, morreram!
H Mas elas tem família, agora?
R Mm, podem ter, mas, eh—não, tem, tem os filhos. Tem os filhos. Até eu cheguei de saber, as filhas dela. É de tal essa N'wakuvuvu. Porque, as filhas foi, Magayisa, foi Matshwele, essas filhas de, de N'wakuvuvu, que é filha de Nkavakava.
H Ah.
R Agora, Monasse, até Madinge também, já esqueci os filhos dela. Ja esqueci. [...] Eu conheço, eh, ja me lembro ...